quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A Criação de um Papel

Eaê galera! A paz do Senhor!

Hoje estou postando um texto que fala sobre a criação de um papel. É um texto bem bacana que peguei no site Teatro Evangélico, e faz parte de uma das apostilas que eles estão vendendo. Garanta as suas apostilas clicando aqui.

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A CRIAÇÃO DE UM PAPEL


A miúdo, nem mesmo o ator pode explicar como cria um papel. Por que o processo é demasiadamente complicado para que possa dar-se conta dele.

O  talento não é suficiente para que o ator apareça em cena e faça um papel. Os atores novos pensam que basta ter talento e vocação para galgarem uma carreira teatral. Não bastam os impulsos, à vontade e a audácia de aparecer em público para que deles sejam transformados em atores.

Antes de tudo é necessário que o intérprete possa dominar-se, dominar os seus meios expressivos como se seu próprio corpo fosse um instrumento. Antes de um concerto um artista afina seu instrumento. Da mesma forma o corpo e a voz de um ator, necessitam desta afinação para que possam responder plenamente e prontamente aos impulsos de sua emoção.

A par de uma capacidade congênita, o ator necessita de uma técnica disciplinada, de um treinamento prolongado.

Possua ou não possua esta capacidade congênita, que chamaremos talento, continuam sendo seu instrumento de expressão o seu corpo e a sua voz. Cada ator possui uma personalidade um tipo físico, uma forma de rosto, um porte distinto. Estes são seus meios naturais que dificilmente poderão ser alterados.

"O ator, como todo artista, deve explorar suas próprias limitações e saber onde deve deter-se".

Cada ator deve dominar com seus meios naturais, am­pliar os seus recursos e desenvolvê-los. A voz e os movimentos corporais exigem treinamento.

A interpretação é uma linguagem teatral que precisa ser aprendida. Sem técnica o ator desconhecerá os recursos do ritmo, a significação do andamento, a significação da voz para obtenção de seus objetivos; não poderá reconhecer de­terminados efeitos quando chega a alcançá-los, nem preser­var os mesmos o que é mais expressivo para repeti-lo quando necessário - É pelo caminho da técnica que o ator alcança todo o espírito, variedade e profundidade de estilo. Por intermédio da técnica é que ele estabelece o delineamento firme que separa sua criação da realidade e a eleva até a arte. Sem técnica, por mais excepcionais que sejam suas qua­lidades individuais, o ator não tem uma linguagem com a qual ele possa falar. Por intermédio da técnica ele aprende a usar seu instrumento de expressão; por intermédio do trabalho técnico ele desenvolve uma disciplina intelectual que o ajuda a esclarecer suas idéias que, por sua vez, são desenvolvidas por esta pesquisa no sentido da forma técnica correta. Se o cultivo da técnica auxilia o ator a usar seu instrumento de expressão, um cultivo geral, uma cultura de pensamento, arte, e vivência, auxiliará sua idéia criadora. O conhecimento de outras artes alimenta e propicia as con­cepções que terá em sua própria arte; e as qualidades técni­cas de uma arte podem ser transferidas para outra.

Concordamos então com Hebert Read quando diz: "Para se compreender inteiramente uma arte deve-se compreender todas as artes".

Então Bujvalde conclui: "É difícil determinar em última análise onde termina a técnica e onde começa o ta­lento criador".   

O entrelaçamento de ambos é total. Não existe solução de continuidade, um vazio, ou um limite entre a técnica e o talento. Porém, "se tem confiança em sua técnica, o ator pode entregar-se inteiro a sua sensibilidade".

O  talento e a fantasia caminham lado a lado. A intuição é uma condição real do artista. Ninguém pode imaginar uma criação artística verdadeira sem a fantasia, sem esta capacidade de captar o inexistente misterioso e complexo que chamamos por vezes de inspiração - É esta técnica que permitirá que a inspiração passe a realização sem perda de tempo, sem solução de continuidade, sem quebra de har­monia. É esta que Grotovski pretende o "o ator como se não tivesse corpo". Neste processo de criação, o ator quase que se coloca fora de si mesmo, por assim dizer, e passa a se considerar como que um instrumento e "simulta­neamente fazer o oposto, o que vale dizer: viver o papel". O ator cria, harmoniza sua própria personalidade, inclinações e hábitos com as condições do personagem que vai interpretar.

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Grande abraço!

Pedro Rois

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