segunda-feira, 11 de julho de 2011

Observando a vida - Chaplin

Olá galera! A paz do Senhor!

Hoje estou postando um trecho de um livro sobre Charles Chaplin. Este trecho eu apresentei para a equipe teatral do Expressão de Louvor para incentivar a busca de aperfeiçoamento na expressão corporal. Bom texto, ótimo livro, grande exemplo de ator (Chaplin).

Grande abraço!

Pedro Rois

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Livro: “CHAPLIN - Por Ele Mesmo”
Capítulo: Capítulo 3 “O Meu Segredo”
Página: 67 e 68
 
[...] A pantomima é muito apreciada na Inglaterra e, sentindo-me inclinado para esta arte, fiquei muito contente por me poder dedicar a ela...
Sem minha mãe, todavia, pergunto-me se teria alcançado êxito neste gênero. Era o mimo mais prodigioso que vi. Ela ficava à janela durante horas, olhando a rua e reproduzindo com suas mãos, seus olhos e a expressão e sua fisionomia, tudo o que se passava embaixo,  e isto nunca acabava. E foi olhando-a e observando-a que não só aprendi a traduzir as emoções com minhas mãos e meu rosto, mas também a estudar o homem. Havia algo prodigioso na sua observação. Por exemplo: ela tinha visto Bill Smith passar na rua de manhã. E contava:” lá vai Bill Smith. Arrasta os pés e as botas não estão engraxadas. Parece zangado; aposto que discutiu com a mulher e partiu sem almoçar. A prova é que entra numa pastelaria para tomar um café e um pãozinho”. E, invariavelmante durante o dia, eu vinha a saber que Bill Smith discutira com a mulher. Esta maneira de observar as pessoas era a coisa mais preciosa que minha mãe poderia me ensinar, pois assim que observei o que parecia engraçado às pessoas. Por isso, quando apresento um dos meus próprios filmes ao público, vejo a fita com um olho e guardo o outro e os dois ouvidos para o público[...].
[...] Assim como observo, o público num teatro para ver o que faz rir, igualmente observo para achar as idéias de cenas cômicas. Um dia, eu passava junto de um quartel de bombeiros no momento em que se ouvia o sinal de fogo. Vi os bombeiros deslizando ao longo do mastro, correndo com a bomba e precipitando-se para o incêndio. Imediatamente, descobri toda uma série de possibilidades cômicas. Vi-me deitado, ignorando o alarme. Este ponto todos compreenderão, pois gostam de dormir. Vi-me escorrendo pelo mastro, fazendo festas aos cavalos dos bombeiros,  salvando a heroína caindo da bomba numa curva de rua,  e muitas outras coisas do gênero. Guardei-as no meu espírito e, mais tarde, quando fiz The Fireman, servi-me de tudo isso. No entanto, se nesse dia eu não tivesse reparado no quartel, não me ocorreriam, em seguida, todas as sugestões [...].


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